terça-feira, 26 de abril de 2011

Alunos eis aqui uma poesia para comentários:

CANÇÃO DE OUTONO

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
Cecília Meireles

sábado, 23 de abril de 2011

“Professor? Nem pensar!” por Henrique Jacinto


“Professor? Nem pensar!”

       “Além de ser professor, você trabalha em quê?”. Pode ser uma frase engraçada esta, porém poucos percebem a gravidade dela. Muitos não querem seguir a carreira de professor, talvez porque achem que não seja algo promissor, talvez porque não gostem mesmo, que seja. O problema é a falta de professores bons. Não estou dizendo que o Brasil não tem professores assim, nós temos, sim (eu, por exemplo, tenho ótimos professores!). O quero dizer, é que precisamos de mais professores de qualidade.
          Muita gente reclama por aí que a educação no Brasil está péssima. Contudo, como sempre, os que reclamam só falam e não fazem nada a respeito. Se o Brasil está péssimo em educação é porque a maioria dos professores é ruim e o governo “faz de conta” que está tudo bem e não investem na formação de novos professores competentes. Com certeza a educação melhoraria se houvessem tais professores.
          Para explicar essa escassez de professores qualificados, temos esta pesquisa realizada pela Consultoria McKinsey e a Fundação Carlos Chagas que revelou que poucos estudantes brasileiros pretendem seguir carreira no magistério. Apenas 2% dos estudantes de Ensino Médio do país cogitam serem professores; e eles pertencem ao grupo dos 30% com as piores notas no boletim. Por isso não existem tantos professores bons, pois como alunos ruins vão dar aula? Como pode uma pessoa ensinar algo que nem mesmo ela entende? Isso não funciona, nem na Lua!
          Concluindo, a profissão de professor é uma das mais antigas e importantes, tendo em vista que as demais dependem dela, uma vez que para a formação de um profissional é necessário um professor que lhe ensine a matéria; portanto, pense bem antes de dizer: “Professor? Nem pensar!”

Redação de Henrique Jacinto


O Destino do Egito

          Hosni Mubarak pode ter sido um líder corrupto, repressor e inepto, porém ele não era um radical islâmico. Com toda essa revolta no Egito, Mubarak caiu. O novo líder do país será escolhido pela população nas eleições de setembro. Contudo, há um grande problema nisso: a maioria da população simpatiza com a Irmandade Mulçumana. Devo lembrá-los de que foi desta Irmandade que surgiu a Al Qaeda, grupo do terrorista Osama Bin Laden. O que aconteceria se os radicais islâmicos chegassem ao poder no Cairo?
          Os militares egípcios prometem que o Egito está caminhando para a Democracia com as eleições de setembro. Eleger um governo pelo voto majoritário, porém, não significa instalar uma Democracia no Egito. O que é Democracia? Democracia é uma forma de organização política que reconhece a cada um dos membros da comunidade o direito de participar da direção e gestão dos assuntos políticos e sociais. Isso realmente funcionaria lá?
          Não. A Democracia deles não seria igual à nossa: seria uma Democracia autoritária e totalmente influenciada pelo islamismo! Essa influência resultaria na criação de leis baseadas em ensinamentos islâmicos (cortar a mão de ladrões, por exemplo) e na proibição do multiculturalismo.
          Mais uma coisa importante: se um radical islâmico chegar ao poder, muito provavelmente haverá guerra entre Egito e Estados Unidos, o que significa mais violência e mortes.
          Assim, somos levados a pensar se esse seria um governo melhor do que o de Mubarak. Talvez teria sido melhor ele ter continuado no poder.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Dificuldades com o idioma incomodam os profissionais brasileiros

O post anterior informou sobre o sucesso que os cursos de reciclagem em português e comunicação vêm alcançando entre os profissionais brasileiros que perceberam a necessidade de atualização no próprio idioma.
Hoje você conhecerá algumas das maiores dificuldades linguísticas que os falantes da língua portuguesa encontram no dia a dia do exercício da profissão. Fique atento, pois daremos dicas preciosas de como expressar-se corretamente!

Dificuldade 1: Falta de clareza

Clareza é a qualidade essencial do texto, principalmente o informativo, seja comunicado, relatório, carta, e-mail. Claro é o texto cuja mensagem pode ser apreendida sem dificuldade pelo leitor comum. Sempre se deve levar em conta o destinatário da mensagem e o nível de informação dele: diretor, acionista, subordinado. Obtém-se em geral a clareza por meio da disposição das orações em ordem direta, sempre que possível: sujeito, verbo e complementos, nessa ordem. Devem-se evitar orações intercaladas, mais ainda se longas, e palavras técnicas, a não ser as essenciais, cujo significado deve ser esclarecido, se necessário. Nem por isso o texto deve deslizar para o primarismo.

Dificuldade 2: Gerundismo
 
É um estranho encadeamento de verbos: “Vamos estar mandando isso na semana que vem” é algo que deveria ser traduzido como “mandaremos ou vamos mandar…”. Em geral, o gerundismo se compõe de um verbo qualquer no presente do indicativo, com frequência “ir” (vou ou vamos), seguido de “estar” no infinitivo - e do gerúndio. Há quem diga que, pela imprecisão da fórmula, representa um modo talvez inconsciente do falante de não se comprometer. Por enquanto, concentra-se na fala. Mas já se notam sinais da praga em escritos de toda espécie. Nestes exemplos, a forma conveniente aparece entre parênteses: “Vou estar transferindo o senhor para o vendedor.” (Vou transferir.); “Ninguém sabe quando ele vai estar voltando.” (Vai voltar, voltará.); “Vamos estar marcando aquela reunião…” (Vamos marcar.); “Vou poder estar passando…” (Vou passar, posso passar.)

Dificuldade 3: O uso da crase

O “à” acentuado consiste na fusão ou contração de um “a” com outro. O primeiro “a” é uma preposição, palavra que serve para relacionar duas outras. O segundo “a” pode ser o artigo definido feminino “a” ou o pronome feminino “a” ou o “a” inicial dos demonstrativos aquele, aquela, aquilo.
  • Exemplos de palavras que exigem a preposição “a”: Obedecer a: obedece à mulher. Dedicação a: dedicação à mulher. Útil a: útil à mulher.
  • Ele foi a redação. ou Ele foi à redação? Na dúvida, troca-se a palavra feminina diante do “a” por equivalente masculino. Ele foi ao escritório. Portanto: Ele foi à redação.
  • Com horas determinadas: Morreu às duas horas.
  • À moda de: Gosta de buchada à FHC.Nessa frase, a expressão “moda de” está subentendida.
  • Em locuções adverbiais, conjuntivas e prepositivas com palavras femininas: às vezes, à moda de, à espera, à medida que, à custa de, à prova de, etc.
Acento jamais:
  • Antes de palavras masculinas: Vai a São Paulo.
  • Em “a” seguido de plural: Ela não vai a missas.
  • Antes de verbos: A partir de hoje, irei ao clube.
  • Antes de pronomes de tratamento: Disse a Vossa Senhoria. Recorri a ela.
  Galeria de @bother. Licenciado pelo Creative Commons atribuição 2.0 genérica.
 Galeria de @bother. Licenciado pelo Creative Commons atribuição 2.0 genérica.


Dificuldade 4: Escrever como se fala
A comunicação escrita e a oral são muito diferentes. A linguagem escrita tem de ser mais elaborada, mais clara, mais definida, mais contida do que a oral. Ela não conta com os recursos do gesto, do tom, da mímica, das pausas, das repetições comuns à linguagem oral, é claro.
Claro também que quem fala tem o ouvinte à frente e se dirige a um público definido num contexto determinado. Por tudo isso, não se deve escrever como se fala, com as repetições e as ênfases naturais à expressão oral. Pelo menos do ponto de vista da norma culta. O fato é que escrever e falar bem e agradar ao público ou destinatário certo constituem quase sempre um trabalho difícil, que exige empenho permanente.
Dificuldade 5: Problemas de pontuação
É comum encontrar o sujeito separado do verbo, ou o verbo separado do complemento, pelo uso de vírgula. Duas normas são essenciais:
1. Jamais se separa o sujeito da predicado (verbo), mesmo que ambos estejam distantes. “Todos os empregados que precisem viajar para fora do país, devem comparecer ao serviço de medicina…” A vírgula depois de “país” separa o sujeito (empregados) de seu verbo (devem comparecer).
2.  Jamais se separa o verbo de seus complementos, mesmo que o verbo esteja longe deles. “A Bolsa do Rio garantia, a bancos e corretoras, o pagamento da compra de ações feita…” “A bancos e corretoras” é objeto indireto; não pode aparecer entre vírgulas.
Separam-se por vírgulas orações intercaladas ou adjuntos adverbiais deslocados, no começo da frase (deslocados porque a ordem natural dos adjuntos é no fim da frase). O presidente, enquanto viajou, foi informado de tudo. Enquanto viajou, o presidente foi informado de tudo.

Domínio da língua portuguesa garante sucesso profissional

Durante muitos anos, o mercado de trabalho exigiu dos profissionais o domínio de pelo menos dois idiomas estrangeiros - o inglês e o espanhol. Não faltavam anúncios espalhados pelas cidades de escolas de idiomas garantindo, em poucas semanas, máxima competência oral e escrita das línguas. Sem falar dos cursos mais pretensiosos, que em 24 horas prometiam transformá-lo num falante nativo. Comunicar-se com clareza em inglês ou espanhol era sinônimo de ascensão profissional.
Aprender esses idiomas virou febre entre os brasileiros e os fez esquecer que o domínio da língua materna pode ser um diferencial para a valorização do profissional. Embora os empresários busquem quem fala uma segunda língua, é essencial não descuidar do próprio idioma. Quem não tem o domínio dele, não consegue comunicar-se com clareza e poder persuasivo, e será malvisto nas entrevistas de trabalho ou colocará a carreira em risco.
Pensando nas dificuldades com a língua materna que incomodam cada vez mais os trabalhadores de várias áreas, escolas de idiomas e instituições de ensino superior passaram a oferecer cursos de reciclagem em português. O que antes era restrito às pessoas das áreas de educação e comunicação, agora passou a fazer parte da rotina de profissionais de várias áreas. Já está mais do que comprovado que só sobreviverão à competitividade do mercado aqueles que souberem escrever relatórios, cartas, comunicados e circulares, etc., com eficiência. Sem mencionar a linguagem oral, pois é praticamente imperdoável não ser capaz de expressar-se de forma convincente nas reuniões; e isso vale para todos os cargos. Quanto maior o domínio da própria língua, mais competência e segurança para absorver ideias e falar em público.
Paperwork
Foto: (shironosovl) iStockphoto/ Fotogaby
O objetivo dos cursos de reciclagem da língua materna é o esclarecimento de dúvidas comuns aos falantes brasileiros e, consequentemente, o aprimoramento das habilidades de escrita e de expressão oral. As aulas não ficam restritas à gramática; esta é explicada de modo contextualizado dentro do panorama profissional para que os alunos pratiquem a língua culta oralmente e, desse modo, tornem-se mais confiantes ao se expressarem. Além disso, exercícios de leitura possibilitam a expansão do conhecimento lexical dos alunos, contribuindo para o desenvolvimento da habilidade de escrita deles.
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Galeria The Italian Voice. Licenciada pelo Creative Commons. Atribuição 2.0  Genérica.

O fraco domínio da língua pode ser uma barreira para profissionais que mantêm contato com clientes por telefone ou e-mail e para aqueles que escrevem relatórios e fazem apresentações no trabalho. Por isso, perceber a deficiência no idioma é importante, pois é o primeiro passo para retomar os estudos e aprimorá-lo, expressando-se com maior competência linguística.
No próximo post, você conhecerá as principais dificuldades que os falantes da língua portuguesa enfrentam no mercado de trabalho nos momentos de discursar oralmente ou expressar-se por escrito.

sábado, 16 de abril de 2011

VIRADA CULTURAL 2011

Veja a programação completa da Virada Cultural 2011


7a Virada Cultural 
Atualizado em 07/04/2011 às 16h41.
Foram divulgadas nesta sexta-feira as atrações da Virada Cultural 2011, a sétima edição do evento, que acontece entre as 18h do sábado (16/04) e as 18h de domingo (17), na cidade de São Paulo.

Confira a programação:

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/893881-veja-a-programacao-completa-da-virada-cultural-2011.shtm

www.viradacultural.org/programacao

terça-feira, 12 de abril de 2011

O Terros finca bases no Brasil

Capa da revista Veja. A REDE


(Veja) - Khaled Hussein Ali nasceu em 1970, no leste do Líbano. Sua cidade. Kamed El Laouz, fica no Vale do Bekaa. Nessa região. Ali, seguidor da corrente sunita do islamismo. prestou serviço militar. Depois, sumiu. No início dos anos 90, reapareceu em Sio Paulo. Casou-se e teve uma filha. Graças a ela obteve, em 1998. o direito de viver no Brasil. Mora em baqueta, na Zona Leste paulistana, e sustenta sua família com os lucros de uma lan house localizada no bairro de Vila Matilde. Bonachão, passa o dia na porta da loja distribuindo cumprimentos. Ali leva uma vida dupla. É um dos chefes do braço propagandístico da AI Queda. a organização terrorista comandada pelo saudita Osama bin Laden. De São Paulo, o libanês coordena extremistas do lilhad Media Baualion em dezessete países. Os textos ou vídeos dos discípulos de Bin Laden s6 são divulgados mediante sua aprovação. A regra também vale para as traduções dos discursos do terrorista saudita e para os vídeos veiculados pelos extremistas na internet. Mais: cabe ao libanês dar suporte logístico às operações da AI Qaeda. Ele faz parte de uma rede de terroristas que estende seus tentáculos no Brasil.
Tratado como "Príncipe" por seus comparsas. Ali foi seguido por quatro meses pela Policia Federal, até ser previ. em março de 2009. Os agentes sabiam como ele operava, mas não conseguiam acessar os dados de seu computador. protegido pelo programa de criptografia da AI Qaeda o Mojahideen Secrets 2.0. Para ter acesso a suas informações, os policiais deveriam apreender seu computador aberto. Adotaram um estratagema simples: monitoraram Ali até que ele entrasse na internet e lhe telefonaram. Deram o bote enquanto ele atendia a ligação. O equipamento estava repleto de arquivos que comprovam sua posição de liderança no terror islâmico. Por meio de seus e-mails, é passível reconstituir as ligações do libarás com guerrilheiros afegãos, provavelmente do Talibã. Em janeiro de 2009. Ali encomendou, recebeu e remeteu para endereços no Afeganistão mapas e cartas topográficas daquele pais. Depois, ordenou a seus subordinados que arranjassem manuais para ajudar seus "irmãos combatentes" a compreender esse material. Duas horas mais tarde, recebeu um curso produzido pelas brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas, partido dos radicais palestinos que governam a Faixa de Gaza.
Em fevereiro de 2009, o Jihad Media Battalion foi encurralado e Ali foi acionado para defende-lo. As 20 horas do dia 18 daquele más, o libanês recebeu um e-mail informando que um de seus homens havia sido preso em Gaza. Estaria em mãos do Mossad, o serviço secreto israelense. Com a notícia, veio um pedido para que Ali bloqueasse os acessos do comparsa detido aos arquivos do Jihad Media Battalion. Essa medida preservaria o sigilo da organização e o anonimato dos seus militantes. De São Paulo, ele "desligou" o terrorista capturado.No mesmo dia. Ali recebeu uma mensagem na qual se relatava a invasão do computador de outro ciberjihadista por um vírus espião. Dessa vez, ordenou a seus liderados que espalhassem o vírus por meio de spams, a fim de confundir os serviços de inteligência ocidentais. Sua eficiência nessas operações foi elogiada por um terrorista que se identifica como "Vice-Príncipe" da A1 Qaeda no Iraque: "Vocês estio provando para os cruzados (ocidentais) que estamos em seus países, que não podem nas proibir de operar dentro de seu território nem de falar com seus filhos".
Além das provas de terrorismo na internet. a Polícia Federal encontrou no computador de Ali spams enviados aos Estados Unidos para incitar o ódio a judeus e negros. Outros arquivos, que injuriam o presidente Rarack Obama , foram remetidos a foros conservadores americanos com o objetive de tumultuar a discussão política. Abordado por VEJA, Ali negou sua identidade. Esse material, no emanto, permitiu que a Polícia Federal o indiciasse por racismo, incitação ao crime e formação de quadrilha. Salvouse da acusação de terrorismo porque o Código Penal Brasileiro não prevê esse delito. O libanês permaneceu 21 dias preso. Foi liberado porque o Ministério Público Federal não o denunciou à Justiça Casos corta o de Ali alimentam as divergências do governo americano com o Brasil.
Há vinte anos as autoridades nacionais conhecem-e negligenciam-os relatórios da Interpol, da CIA, do FBI e do Departamento do Tesouro americano a respeito das atividades de extremistas no Brasil. Os atentados contra alvos judeus em Buenos Aires, que mataram 114 pessoas em 1992 e 1994, deram uma guinada no tratamento da questão. A Policia Federal reagiu constituindo um serviço antiterrorismo. Graças a ele, descobriu que, em 1995. Bin Laden e Khalid Shaikh Mohammed, que o ajudou a planejar a destruição do World Trade Center em 11 de setembro de 2011, estiveram em Foz do Iguaçu. A passagem de Bin Laden foi revelada por VEJA oito anos depois. Apesar de as tentáculos do terror terem se aprofundado iro pais, o governo federal desmobilizou o serviço em 2009. Todos os delegados do seta foram removidos, o que prejudicou as investigações. Há dois meses, VEJA teve acesso aos relatórios dessa equipe. Além de Ali, vinte militantes da AI Qaeda, do Hezbollah, do Hamas, do Grupo Islâmico Combatente Marroquino e do egípcio al-Gama´a al-Islamiyya usam ou usaram o Brasil como esconderijo, centro de logística, fonte de captação de dinheiro e planejamento de atentados. A reportagem da revista também obteve os relatórios enviados ao Brasil pelo governo dos Estados Unidos.
Esses documentos permitiram que VEJA localizasse Alie outros quatro extremistas. Eles vivem no Brasil como se fossem cidadãos comuns. Um deles chegou a ser condenado em seu país de origem. Hesham Ahmed Mahmoud Eltrabily é apontado pelo Egito como participante da chacina de 62 turistas que visitavam as ruínas de Luxor, em 1997. Com uma ordem de prisão emitida pela Interpol, foi capturado em São Paulo, cinco anos depois. O Supremo Tribunal Federal negou sua extradição, alegando que as provas apresentadas pelo governo egípcio não eram peremptórias. Agora, o egípcio comercializa eletrônicos na Galeria Pagé, um dos centros de venda de contrabando da capital paulista. VEJA relatou o conteúdo desta reportagem aos funcionários de sua loja, mas Eltrabily não retornou os telefonemas. O caso de Eltrabily é semelhante ao de Mohamed Ali Abou Elezz Ibrahim Soliman, que não foi localizado por VEJA. Soliman também foi sentenciado no Egito por participar do atentado de Luxor. Preso em 1999, Soliman Teve sua extradição negada pelo Supremo, que encontrou aros formais de instrução do processo, como falhas na tradução de documentos. Como Eltrabily ele vende muamba, mas em Foz do Iguaçu. Com o amigo comparsa, ele forma a célula brasileira do al-Gama´a al-Islamiyya. subordinado à AI Qaeda.
Acusado de arquitetar atentados contra instimições judaicas que vitimaram 114 pessoas em Buenos Aires, nos anos de 199? e 1994, o iraniano Mohsen Rabbani é procurado pelo Interpol mas entra e sai do Brasil com frequencia - sem ser incomodado. Funcionário do governo iraniano, ele usa passaportes emitidos com nomes falsos para visitar um irmão que moco em Curitiba A última vez que isso ocorreu foi em setembro do ano passado. Quando a Interpor alertou a Polícia Federal para sua presença no Brasil. ele já linha fugido. Mas não são apenas os laços familiares que azem esse terrorista ao país. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) descobriu que Rabbani já recrutou, pelo meros, duas dezenas de jovens do interior de Sio Paulo, Pernambuco e Paraná para cursos de "formação religiosa" em Teerã. "Sem que ninguém perceba, está surgindo uma geração de extremistas islâmicos no Brasil", diz o procurador da República Alexandre Camanho de Assis, que coordena o Ministério Público em treze estados e no Distrito Federal.
Em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista virem dois brasileiros aliciados. Suas histórias foram descobertas pela CIA durante o interrogatório de um dos líderes da AI Qaeda, o saudita Abu Zubaydah, o mesmo que convenceu o inglês Richard Reid a instalar uma bomba no salto do sapato e remar explodi-Ia em um voo que ia de Paris para Miami, em 2001. Preso em Guantânamo, Zubaydah foi severamente torturado com simulações de afogamento. Em Seu livro. Pontos de Decisão. o ex-presideme George W. Bush alega que a tonam de Zubaydah ajudou a impedir ou os atenrados. Em Guantánamo, o jihadista saudita tomou que acolhera os paulistas Alan Cheidde e Anuar Pechliye no campo de treinamento de combatentes de Khaldan, no Afeganistão. Cheidde pertence a uma família famosa no ABC paulista. Seu pai, Felipe Cheidde, amealhou uma das maiores fortunas da regido com unia empresa de factoring, bingos e loterias. Chegou a ser depurado federal constituinte pelo PMDB. Conto mantém um orne da quarta divisão paulista, o Esporte Clube São Bernardo, ele é popular em sua cidade. Sua casa de 1400 metros quadrados é uma das mais suntuosas de São Bernardo do Campo.
Ainda assim, as conexões de seu filho, Alan, com o terror passaram despercebidas das autoridades brasileiras até 2004, quando a CIA as comunicou à Polícia Federal. Os agentes americanos relataram que Cheidde e seu amigo Pechliye haviam sido incumbidos de arranjar passaportes brasileiros para integrantes da Al Qaeda. Intimados pela Policia Federal, ambos contaram que haviam perdido seu passaporte duas vezes, em 2000 e 2001, e que não se lembravam das circunstancias em que isso teria ocorrido, Apesar de considerarem a desculpa esfarrapada, as autoridades brasileiras decidiram liberá-los, A VEJA, Cheidde disse que sua viagem ê assunto privado. Pechliye não retornou as ligações da reportagem. Uma das raras ocasiões em que os terroristas se eram incomodados foi em junho de 2005. Naquele mês, a Policia Federal aproveitou a Operação Panorama contra a imigração ilegal para prender 21 extremistas. Eles foram acusados de falsidade ideológica e adulteração de documentos para obter vistos de permanência no pais. Faziam isso forjando casamentos com brasileiras.Os radicais escolhiam mães solteiras, pagavam-Lhes 1000 reais para participar da fraude e reconheciam os filhos delas como seus. Tornavam-se formalmente pais de filhos brasileiros e, por isso, não podiam mais ser extraditados.
O bando era chefiado pelo libanês Jihad Chaim Baalbalti e pelo jordanismo Sael BasheerYahya Najib Atari, um proeminente líder muçulmano de Foz do Iguaçu. Com a quadrilha, a Policia Federal apreendeu 1206 passaportes emitidos por Portugal. Espanha e México. Na maioria roubados, esses documentos eram vendidos a 11 0(l0 dólares cada um para extremistas procurados pela polícia de diversos países ou para radicais que querem se deslocar sem deixar rastros. O esquema de Baalbaki e Atari não se restringia ao Brasil. O Kuwait acusa o jordaniano de se associar a falsificadores locais para facilitar a fuga de jihadistas. A maioria da comunidade islâmica de Foz do Iguaçu rechaça o terrorismo. Fugitiva da guerra e dos atentados em seus países de origem, ela é a principal fonte de informação da Policia Federal. Na Tríplice Fronteira de Brasil. Argentina e Paraguai. os radicais formam um contingente marginal entre os 12000 muçulmanos que lá vivem. Mas isso não impediu Atari de presidir a Associação Árabe Palestina nem de apresentar-se como um porta-voz da comunidade. Fui em tal condição que ele posou para a fotografia que ilustra teta reportagem. Abordado depois por VEJA. Atari, que, assim corno Baalbaki, responde em liberdade ao processo por falsidade ideológica, formação de quadrilha e facilitação de imigração ilegal, afirmou que não gostaria de falar sobre as acusações que lhe são feitas.
A ousadia de Atari reflete o conforto que as leis lhe garantem. Ele e Baalbaki, além de estarem soltos, só serão extraditados se forem condenados. "Os terroristas se aproveitam da fragilidade da legislação brasileira", admitiu, em audiência na Câmara dos Deputados, Daniel Lorenz, ex-chefe do Departamento de Inteligência da Polícia Federal e atual secretario de Segurança do Distrito Federal. A dupla continua fazendo negócios no Paraná, uma espécie de wall Street da jihad "A Tríplice Fronteira é, hoje, uma artéria financeira do Hezbollalh" escreveu o diretos do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Tesouro americano, Arfam Szubin, em relatório enviado ao Departamento de Estado de seu país, fazendo referencia ao grupo libanês, Chegou-se a essa situação por causa da recusa do governo brasileiro a encarar o terrorismo. Em 2007, um grupo de deputados tentou regulamentar o artigo constitucional que prevê o crime de terrorismo. Acabou vencido pelo então secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovay. "Ele alegava que uma lei antiterror atrairia terroristas", conta o ex-deputado Raul Jungmann (PPS-PE). Por esse raciocínio, ou fatia de, o Brasil deveria abolir as leis contra homicídio, roubo e tráfico de drogas. Afinal de contas, elas também incitariam as pessoas a delinquir.
A leniência com o extremismo islâmico é característica também da diplomacia brasileira, que não reconhece o Hezbollah, o Hamas nem as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como terroristas. Em parte, ela está relacionada à tentativa de vender a imagem do Brasil corno a de um paraíso tropical blindado contra atentados. Mas apresenta-se recheada também da simpatia da esquerda pelos jihadistas, inimigos viscerais dos Estadas Unidos. Uma lei antiterror alcançaria, ainda, "movimentos sociais", como o Movimento dos Atingidos por Ramagens, que, em 2007, ameaçou abrir as comporias da hidrelétrica de Tucuruí, e o Movimento dos Sem Terra, que invade e depreda fazendas. "A Polícia Federal e o governo americano apontam a atuação dos movimentos sociais como um dos principais impeditivas para um combate mais efetivo ao terror", diz Jungínann.
Embora seja autora das investigações descritas nesta reportagem, a Polícia Federal assume um comportamento ambíguo ao comentar as descobertas de seu pessoal. A instituição esquiva-se, afirmando que "não rotula pessoas ou grupos que, de alguma forma, possam agir com inspiração terrorista". Esse discurso dúbio e incoerente não apenas facilita o enraizamento das organizações extremistas no Brasil como cria grandes riscos para o futuro imediato. As cartilhas terroristas recomendam aos militantes que desfiram atentados em ocasiões em que suas ações ganhem visibilidade. O temor de policiais federais e procuradores ouvidos por VEJA é que eles vejam essas oportunidades na Copa de 2014 e na Olimpíada de 2016.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

É PRECISO INVESTIGAR, SIM, SE ASSASSINO DO RIO TINHA VÍNCULO COM TERRORISMO ISLÂMICO


Um delegado havia comentado que cartas deixadas por Wellington Souza, o assassino da escola do Rio, fazia referências ao islamismo. Um dos textos divulgados logo depois da tragédia aludia a alguma seita cristã. Segundo o homicida-suicida, membros de sua família e ele próprio eram testemunhas de Jeová. E não se falou mais em islamismo. Reportagem exibida no Fantástico de ontem — não tinha visto, mas leitores chamaram a minha atenção —, no entanto, recolocam a questão. O vídeo segue abaixo. Transcrevo o trecho mais importante. Comento depois:
Transcrição de um trecho
(…)
Em nota, a liderança das Testemunhas de Jeová no Rio de Janeiro diz que “o homem que cometeu os crimes bárbaros na Escola Municipal Tasso da Silveira não era membro da religião das Testemunhas de Jeová.” E expressa “solidariedade às famílias das vítimas”.
Nos últimos anos, Wellington parece se interessar também por outra religião: o islamismo. Uma das irmãs do atirador disse à polícia, em depoimento, que Wellington passou a freqüentar uma mesquita no Centro do Rio. Na carta, ele relata um conflito:
“Já errei com minha família, mas eu mudei com o alcorão e eles não confiam em mim…”

Wellington faz referência ao que seria um grupo. E relata dividir o próprio tempo entre orações e reflexões sobre o terrorismo.
“Estou fora do grupo, mas faço todos os dias a minha oração do meio-dia, que é a do reconhecimento a Deus, e as outras cinco, que são da dedicação a Deus e umas quatro horas do dia passo lendo o alcorão. Não o livro, porque ficou com o grupo, mas partes que eu copiei para mim. E o resto do tempo eu fico meditando no lido e algumas vezes meditando no 11 de setembro”.

Para o professor de Teologia, a mudança é um sinal claro da confusão mental de Wellington: “Acharia muito difícil um Testemunha de Jeová realmente trocar Jesus por Maomé. Não é que seja contraditório, que seja um contra o outro, mas acho meio complicado um fanático por Jesus ser fanático por Maomé, acho difícil acontecer”.

O sheik Jihad Hassan diz que Wellington não era muçulmano e afirma categoricamente:
“A religião islâmica proíbe esses atos. A religião islâmica não dá amparo, não ensina, a religião islâmica não dá esses ensinamentos, ela não acolhe esse tipo de pessoa, esse tipo de pensamento, a religião islâmica ensina o bem. Ensina a preservar a vida, e não a tirar a vida”.
Apesar de viver em aparente isolamento, Wellington Menezes de Oliveira deixou muitas pistas que precisam ser seguidas para entender qual foi o caminho que o levou a praticar tal barbaridade. Seguir essas pistas não é um trabalho fácil, porque é preciso separar o que é fato, realidade, do que é pura ficção.
Documentos como os que o Fantástico apresenta levantam muitas perguntas, que precisam ser respondidas. Por exemplo: Wellington participou de algum grupo extremista, com ligações até no exterior, como diz nos papéis? Ou isso é apenas fruto de uma imaginação fértil e doentia?
No manuscrito, Wellington volta a citar o “grupo” e o nome de alguém que teria vindo do estrangeiro se repete: Abdul.
“Tenho certeza que foi o meu pai quem os mandou aqui no Brasil. Ele reconheceu o Abdul e mandou que ele viesse com os outros precisamente ao Rio, porque quando eu os conheci e revelei “tudo” a eles eu fui “muito” bem recebido e houve uma grande comemoração”

No mesmo trecho, ele diz algo que pode ser uma referência ao atentado de 11 de setembro. O tal Abdul parece ter se vangloriado de quase ter participado do atentado às torres gêmeas, uma fanfarronice para impressionar Wellington, se for verdadeira essa interpretação:
“E o Abdul teve uma conversa comigo e me revelou que conheceu meu pai e que chegou a comprar uma passagem para um dos voos, mas não fazia parte do plano e usou uma identidade com algum dado incorreto pensando no futuro para não reconhecerem ele”.
Mais adiante, surge um novo nome, Phillip. E sinais de desentendimento dentro do grupo.
“Tive uma briga com o Abdul e descobri que o Phillip usava meu PC para ver pornografia. Com respeito ao Phillip, eu já esperava isso. Mas do Abdul eu não esperava isso. Nos dávamos bem e ele sempre foi flexível nas nossas conversas e dessa vez ele foi muito rígido.”
O motivo da briga teria sido uma menina, de uma certa igreja, que Wellington teria tentado levar ao grupo:
“É que eu resolvi falar sobre a menina que me convidou a ir à igreja dela e antes de eu terminar, ele já foi cortar ela logo no início, ao invés de ouvi-la. Depois disso ele me ligou umas vezes e eu disse que estou saindo por respeito ao grupo”
Wellington também manifesta vontade em conhecer países de população islâmica:
“Pretendo trabalhar pra sair desse estado ou talvez irei direto ao Egito.”

Além da carta, a polícia encontrou uma folha com anotações soltas, e uma referência à Malásia, um país de maioria islâmica, onde há alguns dos edifícios mais altos do mundo. Ele anota que é preciso verificar as condições climáticas da Malásia em setembro, mês dos ataques de 2001 em Nova York. Sinais de uma mente delirante, obcecada por atentados:
“Retornar fotos e dados sobre tais condições climáticas na Malásia no mês de setembro”.

A fixação pelo terrorismo tinha sido percebida por pessoas que conviviam com Wellington, como o barbeiro que o atendia há sete anos. À polícia, ele disse que “no último ano Wellington passou a deixar a barba crescer, atingindo o comprimento até o peito”. Quando brincou com Wellington, dizendo que cortaria a barba dele, o cliente o impediu, dizendo: “Vou ser expulso”.
O barbeiro entendeu que Wellingon se referia ao grupo de islamismo, pois ele dizia que o islã era a religião mais correta, e que estava estudando o alcorão. De tudo o que veio à tona, não há dúvida de que o assassinato dos 12 alunos foi obra solitária de Wellington. Mas os manuscritos revelados pelo Fantástico podem levantar uma ação paralela: o atirador teve contato com algum grupo radical? Abdul e Phillip existem? A polícia vai investigar?
“Eu acho que é uma necessidade. Nenhuma prova pode ser excluída. Há necessidade de se buscar tudo, desde uma simples suspeita. Se a gente pensar num quebra-cabeça, e uma investigação é sempre um quebra-cabeça, uma peça pequena pode estabelecer várias ligações e pode dar a solução para a montagem de um mosaico. Tudo é importante numa investigação. Qualquer policial sabe muito bem disso”, avalia Walter Maierovitch, jurista especializado em criminologia.
Voltei
Estou entre aqueles que consideram que o assassino suicida fez o que fez porque estava mentalmente perturbado — esquizofrênico, esquizóide, psicopata, sei lá… OS FATOS, NO ENTANTO, E NÃO OS PRECONCEITOS, indicam que seu eventual contato com o extremismo islâmico no Brasil tem, sim, de ser investigado — ainda que, existindo, isso  eventualmente não tenha relação direta com o que aconteceu.
Note-se que essa aproximação não é apontada só pelas cartas. Uma irmã sua diz que ele tinha passado a freqüentar uma mesquita. O barbeiro informa que ele se referia ao islamismo como a religião correta. “Abdul” e “Phillip” existem? Se existirem, as mensagens que Wellington deixou indicam que não são exatamente boas companhias.
Descartar a aproximação ou uma tentativa de conversão por conta das incompatibilidades entre islamismo e cristianismo, como faz o professor de teologia, é bobagem. Conversão religiosa não pede congruência entre o que se era e o que se passa a ser — aliás, o antes e o depois são necessariamente incongruentes.  Quanto ao sheik Jihad Hassan, um pouco mais de rigor não faria mal. Existem o islã pacífico e o violento, não é mesmo? Ou ele nega que os afegãos que massacraram recentemente funcionários da ONU fossem islâmicos? Podem até ser maus islâmicos, mas são.
O rapaz queimou o seu computador e ainda deixou uma mensagem para a Polícia sugerindo que era inútil tentar encontrar pistas; eles estaria protegendo seus amigos… Tudo delírio?
Terroristas no Brasil
Se não houvesse notícia sobre a atuação de extremistas no Brasil, todos poderíamos ficar mais tranqüilos. Mas a verdade é que há. Reportagem de capa da VEJA da semana passada e outra publicada
nesta semana tratam das raízes que o extremismo islâmico fincou no Brasil. Isso é fato inquestionável; nada tem de delírio.
Se algum grupo pretende montar uma célula extremista no Brasil, mobiliza gente como Wellington? Depende o propósito. Se alguém estivesse em busca de um doidivanas capaz de tudo, não de um de formulador, ele parecia uma pessoa bastante “cooptável”, certo? Não pensem que os homens-bomba são mentalmente muito mais saudáveis do que o maluco daqui. Também eles são movidos pelo ódio a tudo aquilo que admiram.  Sendo verdade que ele manteve esses contatos, nota-se que houve também o distanciamento. Poderia estar sendo preparado para coisa muito diferente, mas as vozes de sua mente perturbada podem ter triunfado sobre as eventuais vozes perturbadas de estranhos interlocutores. Não sei se sua narrativa é falsa. Verossímil, ao menos, e boa parte ao menos, ela é.
O terrorismo já opera em solo brasileiro, como está evidenciado. Se essa gente começar a se aproximar dos Wellingtons da vida, poderemos colher frutos bem desagradáveis. Lembrem-se que uma célula do terror iraniano cometeu dois atentados contra judeus na… Argentina! Um dos mentores do ataque, demonstrou a VEJA na semana passada, entre e sai do Brasil quando lhe dá na veneta.
                                                                                                                                Por Reinaldo Azevedo

terça-feira, 5 de abril de 2011

UMA CAUSA SUSPEITA

Europeus e americanos intrometeram-se no conflito líbio sem saber quem, de fato, estão ajudando, num misto de ingenuidade política e ganância econômica. A Al Qaeda agradece

O conflito na Líbia estende-se há mais de sete semanas, duas delas com bombardeios comandados por Estados Unidos, França e Inglaterra. Na quinta-feira passada, a operação militar passou a ser dirigida pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Duas questões cruciais, no entanto, ainda estão sem resposta: quem são os rebeldes líbios e por que as forças ocidentais querem ajudá-las? Oficialmente, a Organização das Nações Unidas autorizou a intervenção externa com o intuito de impedir que o ditador Muamar Kadafi, encastelado na capital, Trípoli, no oeste do país, massacrasse os civis que se levantaram contra seu governo. Na prática, o que a Otan está fazendo é dar suporte aéreo para que os rebeldes avancem por terra rumo a Trípoli e derrubem Kadafi. Os resultados têm sido pífios: até sexta-feira passada, os combates entre rebeldes e kadafistas continuavam sem vitoriosos. A cidade de Ras Lanuf, por exemplo, mudou de mãos quatro vezes desde o início da guerra civil. Ou seja, tudo indica que americanos e europeus se meteram em uma encrenca sem perspectiva de solução rápida. Na falta de melhor opção, a coalizão ocidental começou a discutir a possibilidade de fornecer armas aos rebeldes, apesar de, como reconheceu a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, não se saber exatamente como eles pensam e que tipo de regime implantariam no lugar do atual.

Dar armas a desconhecidos parece algo bastante perigoso, a não ser, é claro, que os ganhos possíveis compensem os riscos. O que o Ocidente tem a ganhar com a vitória dos rebeldes líbios? Do ponto de vista político, os Estados Unidos e seus aliados europeus vislumbram dois benefícios. O primeiro é demonstrar aos árabes que estão ao seu lado na luta contra tiranos, uma maneira de compensar décadas de apoio a regimes ditatoriais. O segundo, evitar o peso de, posteriormente, serem cobrados por ter assistido inertes a um genocídio, como ocorreu em Ruanda, em 1994. Esses dois benefícios políticos da intervenção, contudo, só fazem sentido se for correta a premissa de que o levante líbio é movido por sentimentos democráticos. A tese “árabes pela democracia” também foi aplicada aos protestos que derrubaram os governos da Tunísia e do Egito, nos últimos meses, e ameaçam os do Iêmen, do Barein e da Síria. Ela, contudo, tem se provado excessivamente otimista.

Além dos supostos benefícios políticos das operações militares do Ocidente na Líbia, há interesses econômicos em jogo, bem mais concretos e esclarecedores. A Líbia participa da Parceria Euro-Mediterrânica, uma associação comercial, cultural e de segurança entre os integrantes da União Europeia e os demais países do Mediterrâneo. Em 2009, o comércio entre a União Europeia e a Líbia foi de mais de 37 bilhões de dólares, sendo a Itália, a Alemanha, a Espanha e a França os maiores parceiros do país do norte da África. A Itália, que ocupou a Líbia durante três décadas, tem uma posição privilegiada nessas relações comerciais. Kadafi e o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi consideravam-se bons aliados. Um quarto do petróleo utilizado na Itália vem da Líbia. A empresa petrolífera italiana ENI é a maior investidora no país e, antes de a guerra estourar, extraía lá cinco vezes mais petróleo do que a Total, sua concorrente francesa.



Os italianos também levam vantagem em outros setores, como os de construção civil, transporte e financeiro. Entre os negócios mais rentáveis com Kadafi estava o comércio de armas. Desde 2004, os maiores países da União Europeia venderam 1,1 bilhão de euros em armamentos ao ditador, agora utilizados para combater os rebeldes que os europeus tanto defendem.

A rapidez com que o governo francês reconheceu o Conselho Provisório Líbio como verdadeiro representante político do país, há três semanas, levantou a suspeita entre os italianos de que o presidente Nicolas Sarkozy pretende garantir uma fatia maior nos negócios com a Líbia pós-Kadafi. Na semana passada, os maiores entusiastas da ideia de entregar armas aos rebeldes líbios eram, justamente, os franceses. Na sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, fez a ressalva de que a tal campanha de armamento teria de ser aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU. “Se tudo se resumisse a armar os rebeldes, já seria um problema. Mas é inútil entregar fuzis e peças de artilharia a eles sem dar também treinamento, o que exigiria o envio de militares ocidentais para o foco do conflito”, diz o cientista político americano Charles Kupchan, do Conselho de Relações Exteriores, em Washington.

Escandalizar-se com o fato de os europeus quererem defender seus interesses comerciais na Líbia talvez seja uma ingenuidade, mas não tanto quanto dar armas a um grupo heterogêneo (de combatentes cuja visão de mundo e projeto político são ignorados. O governo americano enviou espiões da CIA à Líbia para descobrir quem são, afinal de contas, os rebeldes líbios. Em depoimento ao Senado, o almirante James Stavridis, comandante militar da Otan, deu uma pista: segundo ele, há informações de que membros da rede terrorista Al Qaeda e do grupo libanês Hezbollah estão participando do levante. Outras organizações radicais muito populares entre os habitantes do leste do país, onde se iniciou o movimento anti-Kadafi, são o Grupo Islâmico de Combate Líbio, cujos integrantes lutaram contra os Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque, e a Irmandade Muçulmana, com raiz no Egito. No início de março, a reportagem de VEJA visitou um hospital da Irmandade Muçulmana, no Cairo, e encontrou oito rebeldes líbios recebendo atendimento gratuito para cuidar de ferimentos de combate. Em fevereiro, Yusuf al Qaradawi, guia espiritual da Irmandade Muçulmana, decretou uma fatwa obrigando qualquer soldado líbio a matar Kadafi, se surgir a oportunidade - um indício de que o grupo islâmico espera obter dividendos políticos com a queda do ditador. A Al Qaeda é mais explícita. Na semana passada, o clérigo americano Anwar al Awlaki, integrante do grupo terrorista no Iêmen, divulgou um artigo na internet em que comemorava o fato de os governos do Ocidente não estarem dando a devida atenção à intensa participação de jihadistas nas manifestações que incendeiam o Oriente Médio desde o início do ano. Awlaki deixou claro que os defensores da criação de estados islâmicos só têm a ganhar com o fato de que, na atual fase dos protestos, haja muçulmanos com ideias seculares que conseguem convencer o Ocidente do caráter democrático dos levantes árabes. A Otan, portanto, está dando apoio militar na Líbia a inimigos do Ocidente. Falta descobrir se eles compõem 5%, 50% ou 99% das fileiras rebeldes.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Redação de Vinícius Lopes


Renúncia precipitada

          O Egito, no início do ano de 2011, estava no caos total. Isto ocorreu pois a população queria uma democracia moderna, então, como consequência, aconteceu a injusta renúncia do presidente Hosni Mubarak, que estava há 30 anos no poder.

          Assim, com a saída do presidente, há uma grande chance de a Irmandade Muçulmana ficar no poder, o que seria um grande risco tanto para a população do Egito como também para o mundo, já que parte da Irmandade está aliada ao grupo terrorista Al-Qaeda.

          Apesar de no Egito ser possível a eleição de um governo pela maioria dos votos da população, não quer dizer que seja uma democracia, pois não existe o multiculturalismo, ou seja, a união das culturas.

          Além disso, em uma pesquisa com 1000 egípcios, 840 afirmaram ser a favor da pena de morte para quem abandona o islamismo, o que não está de acordo com a ideologia do multiculturalismo, que é o respeito pelas diferentes culturas.

          Concluindo, Mubarak não deveria ter renunciado, pois ele manteria o país economica e politicamente, evitando uma possível posse da Irmandade Muçulmana, que, apesar de demonstrar ser a favor da liberdade e da democracia, não está familiarizada com os desejos e exigências da maioria dos jovens manifestantes.


                                                                                                                                 Vinícius L. Simões