Um diálogo filosófico
Platão e Locke, dois grandes filósofos se encontram hoje. Você deve estar de perguntando: “mas como? Se os dois são de épocas tão distantes?”. Mas eu lhe respondo: aqui não há tempo, aqui podemos fazer quaisquer pessoas de qualquer época se encontrarem e aqui estão os dois.
- Locke? – Platão inicia a conversa
- Sim, e você é Platão, se não me falha a memória.
- Correto, já ouviu falar de mim?
- Claro, um dos maiores gênios da história da filosofia, como não reconhecer?!
- Sinto-me honrado. Porém, tu concordas com tudo que eu disse? – Indagou Platão esperando por uma resposta positiva
- Não, inclusive penso que é um absurdo o senhor achar que não devemos confiar em nossos sentidos.
- Não tenho culpa se essa é a realidade meu filho. A razão é eterna e imutável, o que nos dá total confiança sobre ela.
- Mas eu discordo – disse Locke, que, apesar de estar bravo por Platão estar discordando de sua teoria, conseguiu manter a calma – Podemos apenas confiar naquilo que já experimentamos e sentimos pelos nossos ilustres sentidos. É como se nossa mente fosse uma lousa branca e nós vamos preenchendo-a com noções que temos quando sentimos ou percebemos algo através de nossos sentidos.
- Os sentidos fluem, estão em constante transformações, impossível construir uma vida baseada em algo que não nos dará uma estrutura firme.
- É claro que nós temos pensamentos do direito natural e que é inerente à razão humana saber da existência de Deus.
- Gostei desse seu lado racionalista, agora diga-me uma coisa, qual sua visão sobre a mulher? Sempre achei que a vida familiar tinha que ser abolida, assim as mulheres poderiam ter a mesma razão do que o homem.
- Em parte concordo com o senhor, acredito que a posição de inferioridade das mulheres foi criada pelo homem e que isso poderia ser corrigido.
- Entendo...
E antes mesmo de Platão terminar a frase Locke o interrompeu dizendo:
- Desculpe interrompe-lo, mas tenho que ir, comecei um livro chamado: Um ensaio sobre o entendimento humano, e preciso terminá-lo, as ideias estão fervilhando em minha mente e não posso deixá-las no esquecimento.
- Correto, nos encontramos então ao término do seu livro?
- Por certo, arranjarei um jeito de avisa-lo assim que terminar minha obra, para continuarmos nossa ilustre conversa.
- Até breve então.
- Até.
E em menos de 5 segundos cada um estava de volta à sua época, em seus afazeres, refletindo em sua mente a conversa tida, mas reagindo como se nada tivesse acontecido.
Por Bárbara Girão
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